Uma passagem extremamente marcante da 
Bíblia Cristã pode ser encontrada no Evangelho de Lucas, o Evangelista, 
terceiro dos quatro Evangelhos canônicos. Ele relata a vida e o 
ministério de Jesus de Nazaré, detalhando a história dos acontecimentos,
 desde o nascimento à ascensão. Alguns estudiosos da Bíblia entendem que
 o autor do Evangelho de Lucas também escreveu o Atos dos Apóstolos.
Em seu capítulo 5, a “Boa Nova” registra
 uma discussão sobre a prática do jejum. Há dois grupos de discípulos 
que o praticam, os de João e os dos fariseus, ao passo que os discípulos
 de Jesus não o fazem.
Instado a se manifestar sobre o 
tormentoso tema que até os dias atuais provoca manifestações acaloradas 
entre fieis, Jesus esclarece: “Os convidados de um casamento podem fazer
 jejum enquanto o noivo está com eles? Mas dias virão em que o noivo 
será tirado do meio deles. Então, naqueles dias, eles jejuarão”. E 
contou-lhes uma parábola: “Ninguém tira retalho de roupa nova para fazer
 remendo em roupa velha; senão vai rasgar a roupa nova e o retalho novo 
não combinará com a roupa velha”.
Caro leitor, creio que uma das maiores 
virtudes dos Evangelhos está em relegar ensinamentos que se mostram, 
ainda que se passem os lustros, mais atuais do que nunca. Com efeito, 
por mais que se queira, ninguém pode negar que vivemos novos tempos. O 
propalado tempo da espera já se cumpriu! A comparação de Jesus, deste 
modo, acentua a necessidade de dar um salto de qualidade para superar 
esquemas envelhecidos e assumir a novidade que está por vir.
A digressão acima, destarte, tem um 
propósito, contextualizado com a realidade atual: trazer ao debate 
público a terrível situação de nossa nação, estrangulada por uma enorme 
gama de desvios comportamentais, máxime de nossos representantes, em sua
 maioria eleitos pelo povo. Para os menos esclarecidos, o mesmo grupo 
dos últimos quarenta anos, sem qualquer renovação efetiva! É gritante 
que há algo de errado! Com milionária estrutura de marketing, trocam-se 
as roupas, as colocam no velho e o apresentam como novo. Com isso, 
consuma-se a fraude que se repete a cada dois anos!
Recente pesquisa conduzida pelo 
instituto Idea Big Data mostra que 56% dos eleitores não pretendem 
reeleger nenhum candidato nas próximas eleições, independentemente do 
cargo! Ao mesmo tempo, 64% das pessoas não pretendem votar em nenhum 
envolvido na operação Lava Jato, sejam eles inocentes ou não!
Quando perguntados pelo citado instituto
 de pesquisa se preferiam um “líder” ou um “gestor” para presidência da 
República em 2018, 68% dos entrevistados disseram “gestor”. Mesmo sem 
saber ao certo o que significa um termo ou outro, o sentimento do 
eleitor para 2018 parece estar mais apartidário do que nunca, não 
obstante manifestações isoladas em redes sociais que pareçam dizer o 
contrário.
Os números são fortes, sobretudo para 
eleição majoritária (Governador, Senador e Presidente). No caso da 
proporcional (Deputados), o cálculo é mais difícil, até porque teremos 
que ver se a famigerada atuação dos “cabos eleitorais” - ou “líderes 
comunitários”, não raras vezes “lobos travestidos em peles de cordeiros”
 - ainda terá o mesmo efeito de outrora, movidos que são por “moedas de 
prata” jogadas por estrangeiros. Alguma semelhança com o Norte de Minas?
Não obstante as conhecidas adversidades,
 o cenário é alvissareiro! A natureza humana tem uma grande capacidade 
de renovar nossos sonhos! Tudo aquilo que acreditávamos ser o suficiente
 para tornarmos uma pessoa realizada acaba por se tornar apenas mais um 
degrau na busca pela realização do que ainda está por vir!
“O meu ideal político é a democracia, 
para que todo o homem seja respeitado como indivíduo e nenhum venerado”.
 Que surjam novos dias, meses, anos melhores para que possamos renovar 
nossas esperanças. Que venham novas amizades, novos amores, novas 
expectativas, novos nomes na política, enfim. Caso contrário não há 
esperança que sobreviva a tanto tempo agonizando. Roupa nova em corpo 
novo! É o momento de construirmos a nação que queremos! Renovo minhas 
crônicas em 2018 promovendo uma ode ao que ainda está por vir...
(*) Delegado de Polícia Federal e Professor da Academia Nacional de Polícia